Nos últimos anos, as palavras “emissão de tokens” tornaram-se as mais sensíveis no mundo Web3. Algumas pessoas ficaram famosas da noite para o dia graças a isso, enquanto outras foram investigadas, tiveram seus tokens retirados ou tiveram suas contas banidas. Na verdade, o problema não está em “emitir”, mas em “como emitir”. Mesmo sendo tokens, alguns projetos estão listados em exchanges mainstream, possuem comunidades e DAOs; enquanto outros são considerados emissão ilegal de valores mobiliários. A diferença está em: emitir dentro do quadro legal ou não.
A realidade de 2025 é que os tokens utilitários (Utility Tokens) deixaram de ser uma zona cinzenta. As regulações estão examinando com lupa cada TGE, cada SAFT, cada “airdrop”.
Este artigo é dirigido a todos os fundadores de projetos Web3: na jornada do Testnet ao DAO, a estrutura jurídica é a espinha dorsal do seu projeto. Antes de emitir tokens, aprenda a montar essa estrutura.
Atenção: Este texto é baseado na perspectiva de jurisdições internacionais e não se destina nem se aplica ao ambiente legal da China continental.
A “identidade” do token, não se define apenas escrevendo um white paper
Muitos times dizem: “Nosso token é apenas utilitário, sem distribuição de lucros, não deve haver problema, certo?”
Mas a realidade não é assim. Para as regulações, a “identidade” do token depende do comportamento de mercado, não da sua descrição.
Um exemplo clássico é o projeto TON do Telegram.
O Telegram levantou US$ 1,7 bilhão em uma oferta privada, alegando que o token era apenas “combustível” para a futura rede de comunicação;
Porém, a SEC dos EUA considerou essa captação como uma emissão de valores mobiliários não registrada — pois o objetivo dos investidores ao comprar era claramente “valorização futura”, e não uso imediato.
O resultado foi que o Telegram devolveu o dinheiro aos investidores, pagou multas, e a rede TON foi forçada a operar de forma independente do Telegram.
Lição: a regulação observa “expectativa de investimento”, não “visão técnica”. Desde que você use o dinheiro dos investidores para construir o ecossistema, isso assume caráter de valor mobiliário.
Portanto, não pense que rotular como “utilitário” elimina o risco. A natureza do token evolui dinamicamente — no início, é um contrato de investimento; só após a mainnet é que pode se tornar um verdadeiro comprovante de uso.
Primeiro, identifique qual é o seu tipo de projeto
O que determina sua conformidade não é o nome do token, nem o total emitido, mas o tipo de projeto.
Infraestrutura (Infra):
Como Layer1, Layer2, blockchains públicas, ZK, protocolos de armazenamento.
Normalmente usam “Lançamento Justo (Fair Launch)”, sem pré-mineração, sem SAFT, com tokens gerados por consenso dos nós.
Exemplos: Bitcoin, Celestia, EigenLayer.
Vantagens: distribuição natural, baixo risco regulatório; desvantagens: captação difícil, ciclo de desenvolvimento longo.
Projetos de camada de aplicação (App Layer):
Como DeFi, GameFi, SocialFi.
Tokens pré-minados pela equipe (TGE) e gerenciados pelo tesouro do ecossistema, exemplos: Uniswap, Axie Infinity, Friend.tech.
Modelo de negócio claro, mas alto risco regulatório: vendas, airdrops, circulação precisam lidar com divulgação regulatória e KYC.
Conclusão: Infraestrutura sobrevive por consenso, projetos de aplicação dependem da estrutura para sobreviver. Sem uma estrutura bem planejada, toda “Tokenomics” é conversa fiada.
Fase de Testnet: não corra para emitir tokens, primeiro construa a “espinha dorsal legal”
Muitos times começam a buscar investidores, assinar SAFT, pré-minerar tokens na fase de Testnet.
Mas o erro mais comum nessa fase é:
Ao mesmo tempo que recebe o dinheiro dos investidores, afirma que “é apenas um token funcional”.
O caso do Filecoin nos EUA serve de alerta. Antes da mainnet, levantou cerca de US$ 200 milhões via SAFT, com isenção da SEC, mas por atraso no lançamento e tokens temporariamente indisponíveis, os investidores questionaram sua “natureza de valor mobiliário”, e o projeto acabou gastando uma fortuna em conformidade para corrigir a situação.
A abordagem correta é:
Diferenciar duas entidades:
DevCo (empresa de desenvolvimento) responsável por tecnologia e propriedade intelectual;
Foundation / TokenCo (fundação ou empresa de tokens) responsável pela construção do ecossistema e governança futura.
Forma de captação: usar estrutura de Equity + Token Warrant (direito de subscrição de tokens), ao invés de vender tokens diretamente.
Os investidores adquirem o direito aos tokens futuros, não ativos de tokens já existentes.
Essa abordagem foi adotada inicialmente por projetos como Solana, Avalanche, permitindo que investidores iniciais participem da construção do ecossistema, evitando a venda direta de valores mobiliários.
Princípio: a estrutura jurídica do projeto na fase inicial é como o bloco gênese. Um erro de lógica pode multiplicar por dez os custos de conformidade.
Mainnet TGE: o momento mais visado pela regulação
Assim que o token passa a ser negociável e tem preço, entra na mira regulatória. Especialmente quando envolve airdrops, LBP (Liquidity Bootstrapping Pool), Launchpad e distribuições públicas.
Projetos de blockchain:
Como Celestia, Aptos, Sui, geralmente geram tokens automaticamente na TGE por validação de rede,
sem participação direta da equipe na venda, distribuição descentralizada, risco regulatório mínimo.
Projetos de camada de aplicação:
Como airdrops de Arbitrum, Optimism, ou distribuições comunitárias de Blur, Friend.tech,
são monitorados por algumas jurisdições quanto à “se a distribuição e os incentivos de votação configuram venda de valores mobiliários”.
A linha de segurança na fase de TGE está na divulgação e na funcionalidade:
Esclarecer os cenários de uso e funções do token;
Divulgar proporções de distribuição, períodos de lock-up e mecanismos de desbloqueio;
Executar KYC/AML para investidores e usuários;
Evitar propaganda de “retorno esperado”.
Por exemplo, a Fundação Arbitrum declarou na TGE que seu airdrop era apenas para governança, sem representar direitos de investimento ou lucro; e, na governança comunitária, vem reduzindo gradualmente a participação da fundação — exatamente o caminho para “dessearcializar” o token.
Fase de DAO: aprenda a “soltar as rédeas”, permitindo que o projeto seja realmente descentralizado
Muitos projetos “emitem tokens” e encerram aí, mas o verdadeiro desafio é — como sair do controle, fazendo o token retornar ao bem público.
Como exemplo, o DAO do Uniswap:
Inicialmente liderado pela Uniswap Labs na fase de desenvolvimento e governança;
Depois, gerido pela Uniswap Foundation, que administra o tesouro e financia projetos ecológicos;
A comunidade decide atualizações e ajustes de parâmetros via votação de UNI.
Essa estrutura torna mais difícil para reguladores considerarem como uma emissão centralizada, além de aumentar a confiança da comunidade.
Por outro lado, projetos que não gerenciam bem a transição para DAO, como alguns GameFi ou ecossistemas NFT, onde a equipe ainda controla a maior parte dos tokens e votos, acabam sendo considerados “falsamente descentralizados”, com risco de serem classificados como valores mobiliários.
Descentralizar não é “deixar solto”, mas “sair de forma verificável”. Fazer o código, a fundação e a comunidade formarem um equilíbrio tríplice é a verdadeira arquitetura segura de um DAO.
O que a regulação observa: você consegue provar que “não é valor mobiliário”
Reguladores não têm medo de você emitir tokens, têm medo de você dizer que “não é valor mobiliário”, enquanto suas ações parecem um.
Em 2023, nos processos contra Coinbase, Kraken, Binance.US, a SEC listou dezenas de “tokens utilitários”, afirmando que, na fase de venda e marketing, eles apresentavam características de “contrato de investimento”. Isso significa que, desde que o projeto transmita “expectativa de retorno” na venda de tokens, mesmo que o token tenha funções, será considerado valor mobiliário.
Por isso, a conformidade exige uma abordagem dinâmica:
Testnet → focar em tecnologia e desenvolvimento conforme a lei;
TGE → enfatizar cenários de uso e atributos funcionais;
DAO → reduzir controle da equipe, fortalecer mecanismos de governança.
Cada fase tem riscos diferentes, e toda atualização requer reavaliação do posicionamento do token. Conformidade não é apenas carimbo, é uma evolução contínua.
Conclusão: projetos que atravessam ciclos nunca dependem de “rapidez”, mas de “estabilidade”
Muitos projetos fracassam não por falta de tecnologia, mas por estruturas ruins. Quando outros ainda falam de “alta e baixa”, “airdrop” e “listagem”, os fundadores mais inteligentes já estão construindo a estrutura jurídica, escrevendo a lógica de conformidade e planejando a transição para DAO.
A emissão de tokens utilitários não é uma forma de escapar da regulação, mas de usar a lei para provar que você não precisa dela. Quando o código assume as regras, a lei vira sua firewall.
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Guia de Conformidade para a Emissão de Tokens Funcionais
Autor original: Shao Jiandian
Introdução
Nos últimos anos, as palavras “emissão de tokens” tornaram-se as mais sensíveis no mundo Web3. Algumas pessoas ficaram famosas da noite para o dia graças a isso, enquanto outras foram investigadas, tiveram seus tokens retirados ou tiveram suas contas banidas. Na verdade, o problema não está em “emitir”, mas em “como emitir”. Mesmo sendo tokens, alguns projetos estão listados em exchanges mainstream, possuem comunidades e DAOs; enquanto outros são considerados emissão ilegal de valores mobiliários. A diferença está em: emitir dentro do quadro legal ou não.
A realidade de 2025 é que os tokens utilitários (Utility Tokens) deixaram de ser uma zona cinzenta. As regulações estão examinando com lupa cada TGE, cada SAFT, cada “airdrop”.
Este artigo é dirigido a todos os fundadores de projetos Web3: na jornada do Testnet ao DAO, a estrutura jurídica é a espinha dorsal do seu projeto. Antes de emitir tokens, aprenda a montar essa estrutura.
Atenção: Este texto é baseado na perspectiva de jurisdições internacionais e não se destina nem se aplica ao ambiente legal da China continental.
A “identidade” do token, não se define apenas escrevendo um white paper
Muitos times dizem: “Nosso token é apenas utilitário, sem distribuição de lucros, não deve haver problema, certo?”
Mas a realidade não é assim. Para as regulações, a “identidade” do token depende do comportamento de mercado, não da sua descrição.
Um exemplo clássico é o projeto TON do Telegram.
Porém, a SEC dos EUA considerou essa captação como uma emissão de valores mobiliários não registrada — pois o objetivo dos investidores ao comprar era claramente “valorização futura”, e não uso imediato.
O resultado foi que o Telegram devolveu o dinheiro aos investidores, pagou multas, e a rede TON foi forçada a operar de forma independente do Telegram.
Lição: a regulação observa “expectativa de investimento”, não “visão técnica”. Desde que você use o dinheiro dos investidores para construir o ecossistema, isso assume caráter de valor mobiliário.
Portanto, não pense que rotular como “utilitário” elimina o risco. A natureza do token evolui dinamicamente — no início, é um contrato de investimento; só após a mainnet é que pode se tornar um verdadeiro comprovante de uso.
Primeiro, identifique qual é o seu tipo de projeto
O que determina sua conformidade não é o nome do token, nem o total emitido, mas o tipo de projeto.
Como Layer1, Layer2, blockchains públicas, ZK, protocolos de armazenamento.
Normalmente usam “Lançamento Justo (Fair Launch)”, sem pré-mineração, sem SAFT, com tokens gerados por consenso dos nós.
Exemplos: Bitcoin, Celestia, EigenLayer.
Vantagens: distribuição natural, baixo risco regulatório; desvantagens: captação difícil, ciclo de desenvolvimento longo.
Como DeFi, GameFi, SocialFi.
Tokens pré-minados pela equipe (TGE) e gerenciados pelo tesouro do ecossistema, exemplos: Uniswap, Axie Infinity, Friend.tech.
Modelo de negócio claro, mas alto risco regulatório: vendas, airdrops, circulação precisam lidar com divulgação regulatória e KYC.
Conclusão: Infraestrutura sobrevive por consenso, projetos de aplicação dependem da estrutura para sobreviver. Sem uma estrutura bem planejada, toda “Tokenomics” é conversa fiada.
Fase de Testnet: não corra para emitir tokens, primeiro construa a “espinha dorsal legal”
Muitos times começam a buscar investidores, assinar SAFT, pré-minerar tokens na fase de Testnet.
Mas o erro mais comum nessa fase é:
Ao mesmo tempo que recebe o dinheiro dos investidores, afirma que “é apenas um token funcional”.
O caso do Filecoin nos EUA serve de alerta. Antes da mainnet, levantou cerca de US$ 200 milhões via SAFT, com isenção da SEC, mas por atraso no lançamento e tokens temporariamente indisponíveis, os investidores questionaram sua “natureza de valor mobiliário”, e o projeto acabou gastando uma fortuna em conformidade para corrigir a situação.
A abordagem correta é:
Os investidores adquirem o direito aos tokens futuros, não ativos de tokens já existentes.
Essa abordagem foi adotada inicialmente por projetos como Solana, Avalanche, permitindo que investidores iniciais participem da construção do ecossistema, evitando a venda direta de valores mobiliários.
Princípio: a estrutura jurídica do projeto na fase inicial é como o bloco gênese. Um erro de lógica pode multiplicar por dez os custos de conformidade.
Mainnet TGE: o momento mais visado pela regulação
Assim que o token passa a ser negociável e tem preço, entra na mira regulatória. Especialmente quando envolve airdrops, LBP (Liquidity Bootstrapping Pool), Launchpad e distribuições públicas.
Como Celestia, Aptos, Sui, geralmente geram tokens automaticamente na TGE por validação de rede,
sem participação direta da equipe na venda, distribuição descentralizada, risco regulatório mínimo.
Como airdrops de Arbitrum, Optimism, ou distribuições comunitárias de Blur, Friend.tech,
são monitorados por algumas jurisdições quanto à “se a distribuição e os incentivos de votação configuram venda de valores mobiliários”.
A linha de segurança na fase de TGE está na divulgação e na funcionalidade:
Esclarecer os cenários de uso e funções do token;
Divulgar proporções de distribuição, períodos de lock-up e mecanismos de desbloqueio;
Executar KYC/AML para investidores e usuários;
Evitar propaganda de “retorno esperado”.
Por exemplo, a Fundação Arbitrum declarou na TGE que seu airdrop era apenas para governança, sem representar direitos de investimento ou lucro; e, na governança comunitária, vem reduzindo gradualmente a participação da fundação — exatamente o caminho para “dessearcializar” o token.
Fase de DAO: aprenda a “soltar as rédeas”, permitindo que o projeto seja realmente descentralizado
Muitos projetos “emitem tokens” e encerram aí, mas o verdadeiro desafio é — como sair do controle, fazendo o token retornar ao bem público.
Como exemplo, o DAO do Uniswap:
Essa estrutura torna mais difícil para reguladores considerarem como uma emissão centralizada, além de aumentar a confiança da comunidade.
Por outro lado, projetos que não gerenciam bem a transição para DAO, como alguns GameFi ou ecossistemas NFT, onde a equipe ainda controla a maior parte dos tokens e votos, acabam sendo considerados “falsamente descentralizados”, com risco de serem classificados como valores mobiliários.
Descentralizar não é “deixar solto”, mas “sair de forma verificável”. Fazer o código, a fundação e a comunidade formarem um equilíbrio tríplice é a verdadeira arquitetura segura de um DAO.
O que a regulação observa: você consegue provar que “não é valor mobiliário”
Reguladores não têm medo de você emitir tokens, têm medo de você dizer que “não é valor mobiliário”, enquanto suas ações parecem um.
Em 2023, nos processos contra Coinbase, Kraken, Binance.US, a SEC listou dezenas de “tokens utilitários”, afirmando que, na fase de venda e marketing, eles apresentavam características de “contrato de investimento”. Isso significa que, desde que o projeto transmita “expectativa de retorno” na venda de tokens, mesmo que o token tenha funções, será considerado valor mobiliário.
Por isso, a conformidade exige uma abordagem dinâmica:
Cada fase tem riscos diferentes, e toda atualização requer reavaliação do posicionamento do token. Conformidade não é apenas carimbo, é uma evolução contínua.
Conclusão: projetos que atravessam ciclos nunca dependem de “rapidez”, mas de “estabilidade”
Muitos projetos fracassam não por falta de tecnologia, mas por estruturas ruins. Quando outros ainda falam de “alta e baixa”, “airdrop” e “listagem”, os fundadores mais inteligentes já estão construindo a estrutura jurídica, escrevendo a lógica de conformidade e planejando a transição para DAO.
A emissão de tokens utilitários não é uma forma de escapar da regulação, mas de usar a lei para provar que você não precisa dela. Quando o código assume as regras, a lei vira sua firewall.