A primavera das ICOs chegou aos EUA? Presidente da SEC esclarece: a maioria das emissões de tokens não são valores mobiliários e estão sob a alçada da CFTC
O presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Paul Atkins, enviou aquele que poderá ser o sinal regulatório mais claro e positivo dos últimos anos. No cimeira de políticas da Blockchain Association, citou a “classificação de tokens” que apresentou no mês passado, afirmando claramente que as Ofertas Iniciais de Moedas (ICO) relacionadas com tokens de rede, colecionáveis digitais ou ferramentas digitais não devem ser consideradas emissões de valores mobiliários e, por isso, não estão sob a alçada da SEC.
Isto significa que a grande maioria das atividades de ICO poderá passar para a supervisão da Comissão de Negociação de Futuros de Mercadorias (CFTC), cujo controlo é menos restritivo, abrindo assim uma possível porta para a revitalização do mercado de ICO dos EUA, que está estagnado há anos. Atkins comprometeu-se ainda a avançar rapidamente, já no início do ano, com uma política de “isenção para inovação”, trazendo confiança ao setor.
Delimitação da SEC: apenas uma das quatro categorias de tokens sob a nossa alçada
A “névoa” em torno da regulação das criptomoedas nos EUA começa a ser rompida por uma luz forte. Em declarações públicas a 10 de dezembro, o novo presidente da SEC, Paul Atkins, deu orientações claras do mais alto nível regulatório para o debate de anos sobre “o que é um valor mobiliário”. Reafirmou o ponto central da sua “classificação de tokens”: dividir os ativos cripto em quatro grandes categorias, das quais só uma deve ser definida como valor mobiliário.
Concretamente, Atkins considera que as seguintes três categorias de tokens e respetivas ICO não devem ser vistas como operações de valores mobiliários: tokens de rede (relacionados com a funcionalidade de redes blockchain descentralizadas), colecionáveis digitais (tokens que fazem referência a memes da internet, personagens, eventos ou tendências) e ferramentas digitais (tokens que dão acesso a bilhetes, estatutos de membro e outras funções utilitárias). Sublinha que estas três categorias deverão ser supervisionadas pela CFTC. A SEC focar-se-á exclusivamente na quarta categoria: valores mobiliários tokenizados, ou seja, aqueles que representam valores mobiliários tradicionais já regulados pela SEC e são transacionados em blockchain.
Esta distinção é revolucionária. Responde diretamente ao principal pedido do setor: clareza. Desde que a febre das ICO em 2017 foi travada pela abordagem de “regulação via aplicação” do então presidente Jay Clayton, qualquer projeto envolvendo emissão de tokens enfrentava enormes incertezas legais. As declarações de Atkins não só clarificam os limites, como transmitem um sinal positivo de incentivo à inovação e de abrigo seguro para atividades legítimas. Chegou mesmo a dizer no evento: “É exatamente isto que queremos encorajar.”
Visão geral da classificação de tokens de Atkins e respetiva jurisdição regulatória
Tokens de rede: Tokens associados à operação, governação ou funcionalidade de redes blockchain descentralizadas (por exemplo, muitos tokens de blockchains Layer 1).
Natureza da ICO: Não é emissão de valores mobiliários.
Principal regulador: CFTC.
Colecionáveis digitais: Tokens que fazem referência a memes, personagens, eventos ou tendências da internet (por exemplo, muitos projetos NFT).
Natureza da ICO: Não é emissão de valores mobiliários.
Principal regulador: CFTC.
Ferramentas digitais: Tokens que conferem bilhetes, estatuto de membro, acesso ou outras funções utilitárias específicas.
Natureza da ICO: Não é emissão de valores mobiliários.
Principal regulador: CFTC.
Valores mobiliários tokenizados: Tokens emitidos em blockchain que representam ações, obrigações ou outros ativos financeiros tradicionais.
Natureza da ICO: Emissão de valores mobiliários.
Principal regulador: SEC.
Véspera do renascimento das ICO: caminho regulatório claro reacende entusiasmo do mercado
“Ainda não viram nada.” Foi assim que Atkins descreveu a agenda cripto prestes a ser lançada pela SEC, cujo impacto mais imediato poderá ser o regresso em força das ICO como forma de financiamento. Com o caminho regulatório subitamente mais claro, já há grandes instituições a apostar nesta tendência. Em outubro, a plataforma líder Coinbase adquiriu a plataforma de emissão de tokens Echo por 375 milhões de dólares e, no mês passado, lançou uma nova plataforma de ICO para investidores de retalho nos EUA.
Estas movimentações não são coincidência. Demonstram que os líderes do setor já antecipam que, independentemente de o Congresso aprovar ou não um grande pacote de reformas para o mercado, as reformas pragmáticas lideradas por Atkins na SEC já são suficientes para remover os principais obstáculos à emissão de certos tipos de tokens. Atkins referiu que o seu projeto “Crypto Project” irá facilitar isenções regulatórias e cláusulas de porto seguro para as ICO. Esta abordagem “regulação antes da legislação” contrasta fortemente com a postura firme do antigo presidente Gary Gensler, que exigia que todos os emissores de tokens seguissem o processo tradicional de registo de valores mobiliários.
O mercado reagiu rapidamente e de forma positiva. Embora as regras concretas ainda não estejam em vigor, a orientação clara do principal regulador já reduziu significativamente o custo de tentativa e erro em matéria de conformidade. Startups podem agora conceber modelos tokenómicos com maior confiança, sabendo que, se os seus tokens forem claramente classificados como de rede, colecionáveis ou utilitários, evitarão conflitos diretos com a SEC. Isto irá, sem dúvida, estimular uma nova vaga de experiências com emissões de tokens, especialmente para projetos focados na utilidade e governação comunitária, e não em promessas de lucro.
Da “regulação via aplicação” à “regulação por classificação”: mudança de paradigma na política cripto dos EUA
As declarações de Atkins marcam uma mudança filosófica fundamental na regulação cripto dos EUA. Sob Gensler, a estratégia da SEC foi amplamente criticada como “regular através da aplicação da lei” — ou seja, não fornecer regras claras antecipadamente, mas sim dissuadir o setor ao processar grandes projetos, obrigando todos a adivinhar onde está a linha vermelha. Este modelo resultou em custos elevados de conformidade, sufocou a inovação e empurrou muitos projetos e capitais para fora do país.
Atkins está a implementar um paradigma de “regulação por classificação”. O seu núcleo é a elaboração de regras prospetiva e uma divisão clara de jurisdições. A classificação de tokens que propõe visa criar um quadro regulatório compreensível e operacional para este setor complexo. Atribuir a maioria dos tokens à CFTC faz sentido, dado que estes ativos têm natureza de “bens digitais”, e a CFTC tradicionalmente regula mercados de derivados com foco na prevenção de fraude e manipulação, e não em exigências rigorosas de divulgação de informação.
Esta mudança pode estar relacionada com a preocupação dos EUA em perder terreno para regiões como os Emirados Árabes Unidos e a União Europeia na corrida global das cripto. Atkins revelou que uma das prioridades após o Ano Novo será lançar o quadro de “isenção para inovação”, permitindo isenções regulatórias condicionais e temporárias para projetos cripto e fintech, de modo a reduzir custos e incentivar a experimentação. Espera anunciá-lo até ao final de janeiro. Isto mostra que a SEC quer passar de “obstáculo à inovação” para “acelerador de inovação”, a fim de atrair de novo talento e capital cripto para os EUA.
Pendente: corrida entre legislação do Congresso e ação regulatória
Apesar da mudança de postura da SEC, a configuração final da regulação cripto dos EUA ainda depende de um fator chave: o Congresso. Atualmente, o “Market Structure Act”, que visa regular o setor cripto e clarificar as competências da SEC e da CFTC, está a ser debatido no Senado. Se aprovado, institucionalizará os princípios de classificação defendidos por Atkins, dando-lhes mais estabilidade e autoridade.
O próprio Atkins reconheceu: “Veremos o que o Congresso consegue apresentar.” Isto sugere que a ação da SEC e o processo legislativo do Congresso estão a decorrer em paralelo. Um cenário possível é a SEC usar o seu poder administrativo para avançar com “isenções para inovação” e orientações baseadas na classificação de tokens, dando ao mercado certezas imediatas; ao mesmo tempo, a legislação do Congresso dará uma base legal mais sólida a este quadro e poderá resolver questões mais complexas de coordenação interinstitucional.
No entanto, mesmo que o processo legislativo do Congresso seja travado ou adiado, a SEC sob a liderança de Atkins mantém grande margem de manobra. O seu “Crypto Project” e a orientação por classificação são suficientes para proporcionar ao setor um ambiente relativamente estável e previsível durante bastante tempo. Esta estratégia de “ação administrativa primeiro” garante que a reforma regulatória não ficará paralisada devido a impasses políticos no Congresso. Para quem procura clareza, uma SEC ativa é muito mais valiosa do que uma SEC à espera da legislação perfeita.
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A primavera das ICOs chegou aos EUA? Presidente da SEC esclarece: a maioria das emissões de tokens não são valores mobiliários e estão sob a alçada da CFTC
O presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Paul Atkins, enviou aquele que poderá ser o sinal regulatório mais claro e positivo dos últimos anos. No cimeira de políticas da Blockchain Association, citou a “classificação de tokens” que apresentou no mês passado, afirmando claramente que as Ofertas Iniciais de Moedas (ICO) relacionadas com tokens de rede, colecionáveis digitais ou ferramentas digitais não devem ser consideradas emissões de valores mobiliários e, por isso, não estão sob a alçada da SEC.
Isto significa que a grande maioria das atividades de ICO poderá passar para a supervisão da Comissão de Negociação de Futuros de Mercadorias (CFTC), cujo controlo é menos restritivo, abrindo assim uma possível porta para a revitalização do mercado de ICO dos EUA, que está estagnado há anos. Atkins comprometeu-se ainda a avançar rapidamente, já no início do ano, com uma política de “isenção para inovação”, trazendo confiança ao setor.
Delimitação da SEC: apenas uma das quatro categorias de tokens sob a nossa alçada
A “névoa” em torno da regulação das criptomoedas nos EUA começa a ser rompida por uma luz forte. Em declarações públicas a 10 de dezembro, o novo presidente da SEC, Paul Atkins, deu orientações claras do mais alto nível regulatório para o debate de anos sobre “o que é um valor mobiliário”. Reafirmou o ponto central da sua “classificação de tokens”: dividir os ativos cripto em quatro grandes categorias, das quais só uma deve ser definida como valor mobiliário.
Concretamente, Atkins considera que as seguintes três categorias de tokens e respetivas ICO não devem ser vistas como operações de valores mobiliários: tokens de rede (relacionados com a funcionalidade de redes blockchain descentralizadas), colecionáveis digitais (tokens que fazem referência a memes da internet, personagens, eventos ou tendências) e ferramentas digitais (tokens que dão acesso a bilhetes, estatutos de membro e outras funções utilitárias). Sublinha que estas três categorias deverão ser supervisionadas pela CFTC. A SEC focar-se-á exclusivamente na quarta categoria: valores mobiliários tokenizados, ou seja, aqueles que representam valores mobiliários tradicionais já regulados pela SEC e são transacionados em blockchain.
Esta distinção é revolucionária. Responde diretamente ao principal pedido do setor: clareza. Desde que a febre das ICO em 2017 foi travada pela abordagem de “regulação via aplicação” do então presidente Jay Clayton, qualquer projeto envolvendo emissão de tokens enfrentava enormes incertezas legais. As declarações de Atkins não só clarificam os limites, como transmitem um sinal positivo de incentivo à inovação e de abrigo seguro para atividades legítimas. Chegou mesmo a dizer no evento: “É exatamente isto que queremos encorajar.”
Visão geral da classificação de tokens de Atkins e respetiva jurisdição regulatória
Véspera do renascimento das ICO: caminho regulatório claro reacende entusiasmo do mercado
“Ainda não viram nada.” Foi assim que Atkins descreveu a agenda cripto prestes a ser lançada pela SEC, cujo impacto mais imediato poderá ser o regresso em força das ICO como forma de financiamento. Com o caminho regulatório subitamente mais claro, já há grandes instituições a apostar nesta tendência. Em outubro, a plataforma líder Coinbase adquiriu a plataforma de emissão de tokens Echo por 375 milhões de dólares e, no mês passado, lançou uma nova plataforma de ICO para investidores de retalho nos EUA.
Estas movimentações não são coincidência. Demonstram que os líderes do setor já antecipam que, independentemente de o Congresso aprovar ou não um grande pacote de reformas para o mercado, as reformas pragmáticas lideradas por Atkins na SEC já são suficientes para remover os principais obstáculos à emissão de certos tipos de tokens. Atkins referiu que o seu projeto “Crypto Project” irá facilitar isenções regulatórias e cláusulas de porto seguro para as ICO. Esta abordagem “regulação antes da legislação” contrasta fortemente com a postura firme do antigo presidente Gary Gensler, que exigia que todos os emissores de tokens seguissem o processo tradicional de registo de valores mobiliários.
O mercado reagiu rapidamente e de forma positiva. Embora as regras concretas ainda não estejam em vigor, a orientação clara do principal regulador já reduziu significativamente o custo de tentativa e erro em matéria de conformidade. Startups podem agora conceber modelos tokenómicos com maior confiança, sabendo que, se os seus tokens forem claramente classificados como de rede, colecionáveis ou utilitários, evitarão conflitos diretos com a SEC. Isto irá, sem dúvida, estimular uma nova vaga de experiências com emissões de tokens, especialmente para projetos focados na utilidade e governação comunitária, e não em promessas de lucro.
Da “regulação via aplicação” à “regulação por classificação”: mudança de paradigma na política cripto dos EUA
As declarações de Atkins marcam uma mudança filosófica fundamental na regulação cripto dos EUA. Sob Gensler, a estratégia da SEC foi amplamente criticada como “regular através da aplicação da lei” — ou seja, não fornecer regras claras antecipadamente, mas sim dissuadir o setor ao processar grandes projetos, obrigando todos a adivinhar onde está a linha vermelha. Este modelo resultou em custos elevados de conformidade, sufocou a inovação e empurrou muitos projetos e capitais para fora do país.
Atkins está a implementar um paradigma de “regulação por classificação”. O seu núcleo é a elaboração de regras prospetiva e uma divisão clara de jurisdições. A classificação de tokens que propõe visa criar um quadro regulatório compreensível e operacional para este setor complexo. Atribuir a maioria dos tokens à CFTC faz sentido, dado que estes ativos têm natureza de “bens digitais”, e a CFTC tradicionalmente regula mercados de derivados com foco na prevenção de fraude e manipulação, e não em exigências rigorosas de divulgação de informação.
Esta mudança pode estar relacionada com a preocupação dos EUA em perder terreno para regiões como os Emirados Árabes Unidos e a União Europeia na corrida global das cripto. Atkins revelou que uma das prioridades após o Ano Novo será lançar o quadro de “isenção para inovação”, permitindo isenções regulatórias condicionais e temporárias para projetos cripto e fintech, de modo a reduzir custos e incentivar a experimentação. Espera anunciá-lo até ao final de janeiro. Isto mostra que a SEC quer passar de “obstáculo à inovação” para “acelerador de inovação”, a fim de atrair de novo talento e capital cripto para os EUA.
Pendente: corrida entre legislação do Congresso e ação regulatória
Apesar da mudança de postura da SEC, a configuração final da regulação cripto dos EUA ainda depende de um fator chave: o Congresso. Atualmente, o “Market Structure Act”, que visa regular o setor cripto e clarificar as competências da SEC e da CFTC, está a ser debatido no Senado. Se aprovado, institucionalizará os princípios de classificação defendidos por Atkins, dando-lhes mais estabilidade e autoridade.
O próprio Atkins reconheceu: “Veremos o que o Congresso consegue apresentar.” Isto sugere que a ação da SEC e o processo legislativo do Congresso estão a decorrer em paralelo. Um cenário possível é a SEC usar o seu poder administrativo para avançar com “isenções para inovação” e orientações baseadas na classificação de tokens, dando ao mercado certezas imediatas; ao mesmo tempo, a legislação do Congresso dará uma base legal mais sólida a este quadro e poderá resolver questões mais complexas de coordenação interinstitucional.
No entanto, mesmo que o processo legislativo do Congresso seja travado ou adiado, a SEC sob a liderança de Atkins mantém grande margem de manobra. O seu “Crypto Project” e a orientação por classificação são suficientes para proporcionar ao setor um ambiente relativamente estável e previsível durante bastante tempo. Esta estratégia de “ação administrativa primeiro” garante que a reforma regulatória não ficará paralisada devido a impasses políticos no Congresso. Para quem procura clareza, uma SEC ativa é muito mais valiosa do que uma SEC à espera da legislação perfeita.