Depois de a conta chegar a zero, ele usou os últimos 5000U para pôr em prática este método de vida.

Uma mensagem chegou às duas da manhã: "Só restam 5000U, o saldo do cartão bancário está nos três dígitos, se calhar é melhor desistir?"

Olhei para o ecrã, pensei um pouco e escrevi: "Não apagues já o software. Dá-me dois meses, não te garanto que fiques rico, mas pelo menos vais perceber onde está o problema."

Ele respondeu com um emoji entre o riso e o choro: "Já tentei tudo o que havia para tentar, contratos, shitcoins, copy trading... todos os caminhos são armadilhas."

"Desta vez não conta a técnica, nem a sorte." Disse-lhe directamente, "Só importa se consegues resistir ao impulso e seguir o plano."

A regra é simples até mais não: os 5000U divididos em 8 partes, investimento máximo de 625U por vez. Só tocar em ativos que conheces a fundo, sair quando atingir o lucro pré-definido, sem olhar para o quanto ainda pode subir depois. O mais importante – nunca all in.

Nos primeiros dias ele quase entrou em colapso. No grupo havia quem ganhasse quatro dígitos num dia, ele próprio passava o dia inteiro a olhar e só fazia umas dezenas. "A este ritmo, só no dia de São Nunca é que recupero o dinheiro?" Só mensagens de impaciência.

Respondi apenas: "Esses agora estão a ganhar bem, mas para o mês que vem pode ser que estejam no grupo a pedir 'malta, ajudem-me'. O teu objetivo é sobreviver, não é ver quem morre mais depressa."

O que mais há neste mercado são carneiros a correr atrás da alta. Quem entra all in à primeira subida, nove em cada dez acabam a servir de guarda no bull market. Quem realmente tem resultados é aquele grupo que consegue controlar-se quando os outros têm FOMO, e que, nas quedas acentuadas, tem coragem para entrar em várias fases.

A viragem deu-se ao 15º dia. Depois de uma queda de pânico e uma recuperação súbita, ele entrou como tinha treinado e embolsou 7000U numa só operação.

Do outro lado do telefone veio um áudio, com a voz a tremer: "Finalmente percebi o que querias dizer com ritmo..."