A principal empresa de capital de risco em cripto, Paradigm, anunciou a sua entrada no mercado brasileiro, liderando uma ronda de financiamento Série A de 13,5 milhões de dólares na startup local de stablecoins Crown, que atingiu uma avaliação pós-investimento de impressionantes 90 milhões de dólares. A Crown emite a stablecoin BRLV, indexada ao real brasileiro, que já alcançou subscrições superiores a 360 milhões de reais, afirmando ser a maior stablecoin de mercados emergentes a nível global. Este investimento não só marca a primeira aposta da Paradigm na maior economia da América Latina, como também revela que, num mercado brasileiro caracterizado por taxas de juro elevadas e forte regulação, um modelo de “stablecoin que gera rendimento” feito à medida das instituições está a conquistar o reconhecimento dos principais investidores.
Paradigm entra no Brasil pela primeira vez – Porquê escolher a Crown?
No mapa global do capital de risco em cripto, o Brasil está a tornar-se um novo ponto de referência incontornável. A 20 de maio, a Paradigm — conhecida pelos seus investimentos iniciais em gigantes como Coinbase e Uniswap — anunciou o seu primeiro investimento no país: uma injeção de 13,5 milhões de dólares na emissora de stablecoins Crown. Esta ronda Série A elevou a avaliação da Crown para 90 milhões de dólares, demonstrando a forte convicção do capital no potencial do mercado cripto brasileiro.
Ricardo de Arruda, sócio de investimento da Paradigm e ele próprio brasileiro, destacou dois fatores chave ao explicar esta aposta: a equipa e o ímpeto de crescimento inicial. O cofundador da Crown, Vinicius Correa, tem um passado na estrela fintech Nubank, enquanto o outro fundador, John Delaney, é advogado nova-iorquino com muitos anos de atuação no mercado brasileiro e profundo conhecimento em arbitragem financeira e cripto local. Mais relevante ainda, a stablecoin BRLV da Crown, lançada há apenas um ano e meio, já estabeleceu uma vantagem significativa em liquidez. De Arruda compara este “efeito de rede de liquidez” ao que esteve na base do sucesso da Tether e da Circle, e acredita que a Crown já agarrou a janela de oportunidade para se tornar a principal stablecoin do real.
Para o setor, o movimento da Paradigm é um sinal claro. Significa que mercados emergentes como o Brasil, com sistemas financeiros maduros e ambientes macroeconómicos únicos, estão a ser integrados sistematicamente no mapa de investimentos dos grandes players. As soluções localizadas nestes mercados, em especial os produtos inovadores que aproveitam características financeiras domésticas como as taxas de juro elevadas, estão a entrar no radar do capital global.
Oceano azul das altas taxas de juro: Porque é o Brasil um campo de batalha para as stablecoins?
Para entender o valor da Crown, é essencial perceber as particularidades do mercado financeiro brasileiro. O Brasil é o quinto maior mercado mundial de criptomoedas, com uma proporção da população detentora de cripto superior à de ações. Mas o fator mais determinante é o contexto macroeconómico: a taxa básica do Banco Central do Brasil ronda atualmente os 15%, uma das mais elevadas entre as principais economias mundiais.
Este ambiente de altas taxas de juro altera completamente as regras do jogo das stablecoins. No universo das stablecoins em dólar, é comum os utilizadores aceitarem rendimento nulo, devido ao contexto de taxas de juro do dólar. No Brasil, contudo, qualquer stablecoin em real que não ofereça rendimento aos utilizadores dificilmente será amplamente adotada, especialmente junto de instituições sensíveis à taxa de juro. Este é precisamente o desafio que a Crown quis resolver desde o início: a sua stablecoin BRLV é integralmente respaldada por títulos do governo brasileiro, o que permite “transmitir” o rendimento desses títulos aos detentores, criando assim uma experiência genuína de “stablecoin que gera rendimento”.
Assim, a competição entre stablecoins no Brasil é, na essência, uma corrida pela capacidade de oferecer rendimento de forma regulada. Atualmente, a Crown foca-se sobretudo em clientes institucionais, que veem a BRLV como uma ferramenta eficiente para obter exposição à taxa de juro elevada do Brasil — em suma, uma oportunidade de arbitragem. Esta procura real e intensa é o motor que levou a BRLV a acumular mais de 360 milhões de reais em subscrições num curto espaço de tempo. Isso também significa que quem resolver melhor as questões de rendimento, segurança e conformidade poderá dominar um mercado potencial de biliões de reais.
A dupla solução da Crown: Resolver os desafios do rendimento e da segurança
O fundador da Crown, John Delaney, salienta claramente que, para lançar com sucesso uma stablecoin no Brasil, é imprescindível ultrapassar dois grandes desafios: a questão do rendimento num ambiente de juros elevados e as exigências rigorosas de segurança por parte das instituições. Toda a arquitetura de negócio da Crown é construída em torno destes dois pontos.
Primeiro, no lado do rendimento, a Crown optou por não seguir o caminho de muitos emissores de stablecoins que usam apenas dinheiro ou papel comercial como reserva, utilizando exclusivamente títulos do governo brasileiro. Este design faz com que a BRLV seja, na prática, um fundo tokenizado de dívida pública de curto prazo. As instituições que detêm BRLV têm, assim, uma exposição indireta ao rendimento dos títulos públicos do Brasil, obtendo naturalmente o elevado retorno das taxas de referência. Este modelo oferece uma entrada extremamente fluida para o capital institucional no mundo das criptomoedas.
Segundo, no lado da segurança e conformidade, a Crown destaca que as suas reservas estão depositadas numa estrutura jurídica especialmente desenhada para isolar riscos, protegendo os ativos dos detentores mesmo que o emissor enfrente problemas. Além disso, a empresa cumpre rigorosamente as normas brasileiras de combate ao branqueamento de capitais e de reporte financeiro. Este compromisso com a “segurança de nível institucional” é fundamental para conquistar a confiança de investidores de topo como Paradigm, Coinbase Ventures e Framework Ventures, que liderou anteriormente a ronda seed de 8,1 milhões de dólares.
Dados principais sobre a Crown e a stablecoin BRLV
Avaliação mais recente: 90 milhões de dólares (após a Série A)
Financiamento Série A: 13,5 milhões de dólares (liderado pela Paradigm)
Subscrição total da BRLV: Mais de 360 milhões de reais (aproximadamente 66 milhões de dólares)
Posicionamento de mercado: Autodenomina-se a maior stablecoin de mercados emergentes a nível global
Ativos de reserva: 100% títulos do governo brasileiro
Segmento-alvo: Atualmente focada em instituições financeiras, plataformas fintech e empresas
Vantagem-chave: Oferta de exposição nativa on-chain à elevada taxa de juro do Brasil (atualmente cerca de 15%)
Ambição de biliões: Como a Crown quer redefinir o futuro financeiro do Brasil?
A visão da Crown vai muito além de lançar uma stablecoin bem-sucedida. Delaney definiu para a empresa um ambicioso “objetivo estrela polar”: alcançar 1 bilião de reais em circulação de BRLV no prazo de dez anos. Prevê que isso corresponderá a uma percentagem significativa — de um dígito elevado — da oferta monetária do Brasil. Se concretizado, significará que a BRLV estará profundamente integrada no sistema económico nacional.
O caminho para este objetivo será dual. No curto prazo, a empresa continuará a focar-se na expansão da procura institucional, utilizando este financiamento para acelerar a entrada de clientes institucionais, reforçar a conformidade e aprofundar a liquidez. A longo prazo, o mercado retalhista será a verdadeira história de crescimento. Embora Delaney preveja que a adoção retalhista será um “fenómeno de long tail”, à medida que a população brasileira se tornar mais aberta aos ativos digitais, uma stablecoin nacional segura, com rendimento e fácil de usar poderá tornar-se uma ponte entre contas bancárias tradicionais e o mundo cripto, explodindo em cenários como pagamentos, poupança e remessas internacionais.
O investimento da Paradigm pode ser visto como uma validação importante da aposta da Crown e da sua capacidade de execução. Assinala que o ecossistema cripto latino-americano está a evoluir de uma fase dominada por trading e especulação para uma de infraestruturas financeiras mais sofisticadas e inovação de produto. Com o panorama das stablecoins em dólar a estabilizar, a corrida pelas stablecoins de moedas locais em mercados emergentes pode muito bem ser o próximo campo de batalha vasto e cheio de oportunidades e incertezas.
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Paradigm faz o seu primeiro investimento no Brasil! Lidera ronda de 13,5 milhões de dólares na nova estrela das stablecoins, Crown
A principal empresa de capital de risco em cripto, Paradigm, anunciou a sua entrada no mercado brasileiro, liderando uma ronda de financiamento Série A de 13,5 milhões de dólares na startup local de stablecoins Crown, que atingiu uma avaliação pós-investimento de impressionantes 90 milhões de dólares. A Crown emite a stablecoin BRLV, indexada ao real brasileiro, que já alcançou subscrições superiores a 360 milhões de reais, afirmando ser a maior stablecoin de mercados emergentes a nível global. Este investimento não só marca a primeira aposta da Paradigm na maior economia da América Latina, como também revela que, num mercado brasileiro caracterizado por taxas de juro elevadas e forte regulação, um modelo de “stablecoin que gera rendimento” feito à medida das instituições está a conquistar o reconhecimento dos principais investidores.
Paradigm entra no Brasil pela primeira vez – Porquê escolher a Crown?
No mapa global do capital de risco em cripto, o Brasil está a tornar-se um novo ponto de referência incontornável. A 20 de maio, a Paradigm — conhecida pelos seus investimentos iniciais em gigantes como Coinbase e Uniswap — anunciou o seu primeiro investimento no país: uma injeção de 13,5 milhões de dólares na emissora de stablecoins Crown. Esta ronda Série A elevou a avaliação da Crown para 90 milhões de dólares, demonstrando a forte convicção do capital no potencial do mercado cripto brasileiro.
Ricardo de Arruda, sócio de investimento da Paradigm e ele próprio brasileiro, destacou dois fatores chave ao explicar esta aposta: a equipa e o ímpeto de crescimento inicial. O cofundador da Crown, Vinicius Correa, tem um passado na estrela fintech Nubank, enquanto o outro fundador, John Delaney, é advogado nova-iorquino com muitos anos de atuação no mercado brasileiro e profundo conhecimento em arbitragem financeira e cripto local. Mais relevante ainda, a stablecoin BRLV da Crown, lançada há apenas um ano e meio, já estabeleceu uma vantagem significativa em liquidez. De Arruda compara este “efeito de rede de liquidez” ao que esteve na base do sucesso da Tether e da Circle, e acredita que a Crown já agarrou a janela de oportunidade para se tornar a principal stablecoin do real.
Para o setor, o movimento da Paradigm é um sinal claro. Significa que mercados emergentes como o Brasil, com sistemas financeiros maduros e ambientes macroeconómicos únicos, estão a ser integrados sistematicamente no mapa de investimentos dos grandes players. As soluções localizadas nestes mercados, em especial os produtos inovadores que aproveitam características financeiras domésticas como as taxas de juro elevadas, estão a entrar no radar do capital global.
Oceano azul das altas taxas de juro: Porque é o Brasil um campo de batalha para as stablecoins?
Para entender o valor da Crown, é essencial perceber as particularidades do mercado financeiro brasileiro. O Brasil é o quinto maior mercado mundial de criptomoedas, com uma proporção da população detentora de cripto superior à de ações. Mas o fator mais determinante é o contexto macroeconómico: a taxa básica do Banco Central do Brasil ronda atualmente os 15%, uma das mais elevadas entre as principais economias mundiais.
Este ambiente de altas taxas de juro altera completamente as regras do jogo das stablecoins. No universo das stablecoins em dólar, é comum os utilizadores aceitarem rendimento nulo, devido ao contexto de taxas de juro do dólar. No Brasil, contudo, qualquer stablecoin em real que não ofereça rendimento aos utilizadores dificilmente será amplamente adotada, especialmente junto de instituições sensíveis à taxa de juro. Este é precisamente o desafio que a Crown quis resolver desde o início: a sua stablecoin BRLV é integralmente respaldada por títulos do governo brasileiro, o que permite “transmitir” o rendimento desses títulos aos detentores, criando assim uma experiência genuína de “stablecoin que gera rendimento”.
Assim, a competição entre stablecoins no Brasil é, na essência, uma corrida pela capacidade de oferecer rendimento de forma regulada. Atualmente, a Crown foca-se sobretudo em clientes institucionais, que veem a BRLV como uma ferramenta eficiente para obter exposição à taxa de juro elevada do Brasil — em suma, uma oportunidade de arbitragem. Esta procura real e intensa é o motor que levou a BRLV a acumular mais de 360 milhões de reais em subscrições num curto espaço de tempo. Isso também significa que quem resolver melhor as questões de rendimento, segurança e conformidade poderá dominar um mercado potencial de biliões de reais.
A dupla solução da Crown: Resolver os desafios do rendimento e da segurança
O fundador da Crown, John Delaney, salienta claramente que, para lançar com sucesso uma stablecoin no Brasil, é imprescindível ultrapassar dois grandes desafios: a questão do rendimento num ambiente de juros elevados e as exigências rigorosas de segurança por parte das instituições. Toda a arquitetura de negócio da Crown é construída em torno destes dois pontos.
Primeiro, no lado do rendimento, a Crown optou por não seguir o caminho de muitos emissores de stablecoins que usam apenas dinheiro ou papel comercial como reserva, utilizando exclusivamente títulos do governo brasileiro. Este design faz com que a BRLV seja, na prática, um fundo tokenizado de dívida pública de curto prazo. As instituições que detêm BRLV têm, assim, uma exposição indireta ao rendimento dos títulos públicos do Brasil, obtendo naturalmente o elevado retorno das taxas de referência. Este modelo oferece uma entrada extremamente fluida para o capital institucional no mundo das criptomoedas.
Segundo, no lado da segurança e conformidade, a Crown destaca que as suas reservas estão depositadas numa estrutura jurídica especialmente desenhada para isolar riscos, protegendo os ativos dos detentores mesmo que o emissor enfrente problemas. Além disso, a empresa cumpre rigorosamente as normas brasileiras de combate ao branqueamento de capitais e de reporte financeiro. Este compromisso com a “segurança de nível institucional” é fundamental para conquistar a confiança de investidores de topo como Paradigm, Coinbase Ventures e Framework Ventures, que liderou anteriormente a ronda seed de 8,1 milhões de dólares.
Dados principais sobre a Crown e a stablecoin BRLV
Ambição de biliões: Como a Crown quer redefinir o futuro financeiro do Brasil?
A visão da Crown vai muito além de lançar uma stablecoin bem-sucedida. Delaney definiu para a empresa um ambicioso “objetivo estrela polar”: alcançar 1 bilião de reais em circulação de BRLV no prazo de dez anos. Prevê que isso corresponderá a uma percentagem significativa — de um dígito elevado — da oferta monetária do Brasil. Se concretizado, significará que a BRLV estará profundamente integrada no sistema económico nacional.
O caminho para este objetivo será dual. No curto prazo, a empresa continuará a focar-se na expansão da procura institucional, utilizando este financiamento para acelerar a entrada de clientes institucionais, reforçar a conformidade e aprofundar a liquidez. A longo prazo, o mercado retalhista será a verdadeira história de crescimento. Embora Delaney preveja que a adoção retalhista será um “fenómeno de long tail”, à medida que a população brasileira se tornar mais aberta aos ativos digitais, uma stablecoin nacional segura, com rendimento e fácil de usar poderá tornar-se uma ponte entre contas bancárias tradicionais e o mundo cripto, explodindo em cenários como pagamentos, poupança e remessas internacionais.
O investimento da Paradigm pode ser visto como uma validação importante da aposta da Crown e da sua capacidade de execução. Assinala que o ecossistema cripto latino-americano está a evoluir de uma fase dominada por trading e especulação para uma de infraestruturas financeiras mais sofisticadas e inovação de produto. Com o panorama das stablecoins em dólar a estabilizar, a corrida pelas stablecoins de moedas locais em mercados emergentes pode muito bem ser o próximo campo de batalha vasto e cheio de oportunidades e incertezas.