MetaMask é reconhecida como a aplicação on-chain pioneira para muitos que entram no setor cripto — a extensão de carteira com o icónico logótipo da raposa, desenvolvida pela Consensys, líder em tecnologia Ethereum.

Fundada por Aaron Davis em 2016, a MetaMask rapidamente se consolidou como peça central no universo blockchain. Passados nove anos, apesar de uma comunidade que há muito aguarda por um token nativo, a MetaMask iniciou a sua entrada estratégica no mercado das stablecoins.

O GENIUS Act dos EUA trouxe uma nova clareza regulatória para stablecoins, e a MetaMask aproveitou o momento ao lançar oficialmente a sua stablecoin MetaMask USD (mUSD) em 15 de setembro, UTC.

mUSD: Arquitetura Técnica & Parceiros Estratégicos

A MetaMask apresentou os planos da stablecoin em agosto de 2024 e, graças a uma colaboração estratégica, a mUSD entrou em circulação em menos de seis semanas.

A emissão da mUSD assenta num modelo tripartido: a Bridge (subsidiária da Stripe) assume o papel de emissor, a M0 fornece infraestrutura técnica on-chain, e a MetaMask integra a stablecoin diretamente no seu ecossistema de carteira.

A plataforma M0 é essencial ao separar a gestão de reservas das funcionalidades programáveis. Entidades reguladas supervisionam as reservas, enquanto os developers controlam as operações do token — desde a emissão e propriedade às transferências, além da criação de programas de receitas e fidelização.

Foi a M0 que geriu a parte programável on-chain no lançamento da mUSD. Em agosto de 2024, a M0 angariou 40 milhões $, totalizando 100 milhões $ em financiamento. Para além da mUSD, a M0 viabiliza lançamentos de stablecoins como Noble (USDN), Usual (USD0), e impulsiona projetos para a fintech KAST e o sistema operativo Playtron.

Como emissor regulado, a Bridge foi adquirida pela Stripe por 1,1 mil milhões $ em outubro de 2023, fornecendo soluções completas para emissão personalizada de stablecoins, incluindo licenciamento, monitorização e gestão rigorosa de reservas.

Zach Abrams, cofundador e CEO da Bridge, salientou: “Emitir stablecoins personalizadas antes exigia mais de um ano e integrações complexas. Com a nossa tecnologia, esse prazo reduz-se para algumas semanas.”

mUSD: Posicionamento & Implementação do Ecossistema On-Chain

A mUSD foi desenhada para ser nativa de carteira, auto-custodial e altamente funcional, destacando-se pela integração perfeita na MetaMask. As utilizações principais incluem:

• Aplicações on-chain: viabiliza depósitos, swaps, transferências e interoperabilidade entre redes sem barreiras.
• Pagamentos reais: até ao final de 2025, o MetaMask Card permitirá pagamentos com mUSD em milhões de comerciantes MasterCard a nível global.

Gal Eldar, Head of Product da MetaMask, reforçou: “A mUSD representa um passo decisivo para trazer o mundo para on-chain. Enfrentamos os maiores obstáculos do web3, reduzindo custos e atrito para o utilizador. Não nos limitamos a dar acesso à blockchain — oferecemos razões para permanecer.”

A mUSD será lançada primeiro na Ethereum e na Linea — Layer 2 compatível com EVM da Consensys. Na Linea, a mUSD irá integrar-se em mercados de empréstimos, DEXs e plataformas de custódia, fornecendo liquidez profunda. Segundo fontes da MetaMask, a mUSD impulsionará o TVL e a atividade dos protocolos na Linea.

As stablecoins sempre sustentaram o DeFi, mas fora do contexto das carteiras. Este lançamento sublinha a ambição da Consensys: criar não apenas wallets, mas todo um ecossistema financeiro on-chain.

De momento, a mUSD não atribui rendimento, mas a MetaMask já lançou o Stablecoin Earn para poupança e yield, sugerindo potenciais opções de remuneração futura para a mUSD.

A expansão cross-chain é um pilar do roadmap da mUSD. O Wormhole foi confirmado como parceiro de interoperabilidade, viabilizando a evolução multi-chain da mUSD e potenciando liquidez e casos de uso em ecossistemas blockchain.

mUSD: Mecanismo de Reserva & Transparência

Na área das stablecoins, a composição das reservas é determinante. Embora a MetaMask não tenha ainda divulgado os detalhes das reservas da mUSD, a M0 implementa prova de reservas on-chain, permitindo verificar em tempo real a correspondência entre oferta e ativos de reserva.

O dashboard da M0 mostra que a mUSD utiliza sobregarantia: há 24,8 milhões $ em colateral para uma oferta circulante de 24,3 milhões $, correspondendo a uma sobregarantia de cerca de 102 %. Reservas de estabilidade de quase 500 000 $ reforçam a proteção contra volatilidade. Todo o colateral consiste em títulos do Tesouro dos EUA, líquidos e de baixo risco.

O site oficial da MetaMask já integra ferramentas de compra e troca de mUSD. Menos de 24 horas após o lançamento, o Etherscan contabiliza uma oferta circulante de 24,36 milhões de tokens mUSD, 179 titulares e 1 539 transações.

A Consensys não divulgou ainda o modelo de negócio ou as fontes de receita da mUSD. Os emissores de stablecoins geralmente obtêm receitas via juros das reservas, taxas de transação e captura de valor do ecossistema, em linha com as melhores práticas do setor.

Rumo à DeFi Super App

MetaMask, outrora líder nas soluções de carteira, ultrapassou os 30 milhões de utilizadores ativos mensais no bull market de 2021 e no pico de janeiro de 2024. Segundo dados do Token Terminal data, atualmente o número recuou para cerca de 250 000 utilizadores mensais, com uma quota de mercado de 14,8 %, posicionando a MetaMask na terceira posição entre concorrentes.

Em simultâneo, plataformas como Uniswap e Aave migraram de ferramentas especializadas para plataformas integradas. Uniswap está a desenvolver carteira própria, padrões cross-chain e funcionalidades avançadas. Aave lançou stablecoin própria com integração de lending, governance e crédito. O mercado mostra preferência clara pelas Super Apps de ecossistema em vez de produtos isolados.

Para a MetaMask — a carteira Ethereum de referência — o lançamento da mUSD assinala uma viragem estratégica, materializando a entrada na tokenomics e consolidando o papel da Consensys na pilha de serviços DeFi totalmente integrada.

A MetaMask está a transformar-se de uma simples wallet numa plataforma de serviços financeiros abrangente. À medida que o web3 evolui, a MetaMask pretende ser mais do que o ponto de entrada, acompanhando o utilizador ao longo de todo o ciclo on-chain enquanto Super App.

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