Uma tendência interessante merece atenção — os BRICS lançaram uma experiência de moeda digital chamada “Unit”.
Isto não é uma moeda sem lastro; está apoiada por ativos reais. Especificamente, o valor de cada Unit está ancorado numa reserva de ativos especial: 40% corresponde a reservas de ouro reais, e os restantes 60% são repartidos de forma igual pelas cinco moedas fiduciárias do Brasil (Real), China (Renminbi), Índia (Rupia), Rússia (Rublo) e África do Sul (Rand). O conceito é claro — pretendem combinar a função de refúgio do ouro com um equilíbrio no peso das moedas de cada país membro.
No final de outubro, o Instituto Russo de Pesquisa em Estratégia Económica foi o primeiro a emitir 100 tokens piloto, com um preço inicial de 1 grama de ouro por token. Em suma, trata-se de um teste técnico com um objetivo claro: será possível contornar o sistema do dólar nas liquidações internacionais?
Do ponto de vista do mecanismo, o Unit assemelha-se a uma variante das stablecoins, mas com garantias de maior solidez. Enquanto a maioria das stablecoins convencionais está indexada ao dólar ou a títulos do tesouro, esta baseia-se diretamente em ouro mais um cabaz de moedas, o que teoricamente aumenta a resistência à volatilidade de uma única moeda. Claro que a componente de 60% ainda estará exposta aos ciclos económicos e à flutuação das taxas de câmbio dos países envolvidos, pelo que não é uma solução perfeita.
Apesar de, para já, o projeto estar apenas numa fase piloto e longe de ser implementado em larga escala, o sinal é evidente — as economias emergentes estão a explorar de forma séria alternativas para a liquidação internacional. O quão longe isto poderá ir depende tanto do sucesso da implementação técnica como da evolução da geopolítica. Afinal, abalar a ordem financeira estabelecida nunca é só uma questão de tecnologia.
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WhaleWatcher
· 3h atrás
Contornar o dólar? Esta ideia não é nova, o essencial é ver quem se atreve realmente a usá-la.
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DegenApeSurfer
· 3h atrás
Epá, isto sim é que é verdadeira desdolarização, não é aquelas moedas de ar. 40% em ouro + moedas fiduciárias de cinco países, esta lógica é realmente sólida.
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MevSandwich
· 3h atrás
40% de ouro + moedas fiduciárias de cinco países... Esta configuração mostra mesmo a intenção de abalar o dólar, mas quanto aos 60% restantes da exposição, ainda depende se os países vão ou não jogar o jogo do arbitragem.
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GateUser-6bc33122
· 3h atrás
Contornar o dólar? Gosto desta ideia, agora é ver se conseguem mesmo concretizá-la.
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MidnightMEVeater
· 3h atrás
Bom dia, às três da manhã ocorreu-me uma questão — quem será o fornecedor de liquidez para os 60% desse cabaz de moedas?
Uma tendência interessante merece atenção — os BRICS lançaram uma experiência de moeda digital chamada “Unit”.
Isto não é uma moeda sem lastro; está apoiada por ativos reais. Especificamente, o valor de cada Unit está ancorado numa reserva de ativos especial: 40% corresponde a reservas de ouro reais, e os restantes 60% são repartidos de forma igual pelas cinco moedas fiduciárias do Brasil (Real), China (Renminbi), Índia (Rupia), Rússia (Rublo) e África do Sul (Rand). O conceito é claro — pretendem combinar a função de refúgio do ouro com um equilíbrio no peso das moedas de cada país membro.
No final de outubro, o Instituto Russo de Pesquisa em Estratégia Económica foi o primeiro a emitir 100 tokens piloto, com um preço inicial de 1 grama de ouro por token. Em suma, trata-se de um teste técnico com um objetivo claro: será possível contornar o sistema do dólar nas liquidações internacionais?
Do ponto de vista do mecanismo, o Unit assemelha-se a uma variante das stablecoins, mas com garantias de maior solidez. Enquanto a maioria das stablecoins convencionais está indexada ao dólar ou a títulos do tesouro, esta baseia-se diretamente em ouro mais um cabaz de moedas, o que teoricamente aumenta a resistência à volatilidade de uma única moeda. Claro que a componente de 60% ainda estará exposta aos ciclos económicos e à flutuação das taxas de câmbio dos países envolvidos, pelo que não é uma solução perfeita.
Apesar de, para já, o projeto estar apenas numa fase piloto e longe de ser implementado em larga escala, o sinal é evidente — as economias emergentes estão a explorar de forma séria alternativas para a liquidação internacional. O quão longe isto poderá ir depende tanto do sucesso da implementação técnica como da evolução da geopolítica. Afinal, abalar a ordem financeira estabelecida nunca é só uma questão de tecnologia.