Ultimamente tenho estado atento aos dados económicos dos EUA e reparei num sinal bastante interessante.

O núcleo do índice de preços PCE, recentemente divulgado pelo Departamento do Comércio, registou uma taxa anual de 2,8%, um pouco abaixo das previsões do mercado, e a taxa mensal ficou pelos 0,2%, sem grandes oscilações. A inflação global do PCE também está no nível anual de 2,8%. Estes dados demoraram a sair devido à paralisação do governo, mas acabaram por dar confiança ao mercado.

Porquê? Porque o PCE é o indicador de inflação que a Reserva Federal acompanha com mais atenção. Agora, os dados mostram que a pressão inflacionista continua a aliviar, o que basicamente diz ao mercado que um corte nas taxas de juro em dezembro está praticamente garantido. Antes ainda havia quem temesse surpresas devido ao atraso na divulgação dos dados, mas agora a direção é clara e o caminho da política monetária também.

Quando o corte das taxas de juro acontecer em dezembro, para onde vai fugir esse capital barato global? Certamente para ativos de maior risco e maior retorno. Os criptoativos, que são extremamente sensíveis à liquidez, podem receber um forte influxo de capital tanto de instituições como de investidores de retalho.

O Bitcoin tem vindo a desafiar as máximas anteriores, e as altcoins também estão a dar sinais de movimento. Se o corte das taxas de juro se concretizar, este tipo de "combustível macroeconómico" vai tornar toda a narrativa do mercado ainda mais convincente. Com a inflação a descer e as taxas em queda, a lógica do Bitcoin como "proteção contra a inflação + arbitragem de liquidez" torna-se ainda mais válida.

O mercado já começou a antecipar este cenário. Assim que o ciclo de cortes nas taxas começar, a reavaliação dos criptoativos pode acontecer mais depressa do que o esperado. Nas próximas semanas, vale a pena acompanhar de perto os movimentos da Reserva Federal e as mudanças no sentimento do mercado.