A evolução dos endereços Bitcoin: de Legacy a Taproot

Os endereços de Bitcoin passaram por uma evolução fascinante ao longo dos últimos 15 anos, com cada atualização resolvendo problemas reais e abrindo novas possibilidades. Vamos analisar os quatro principais tipos que vais encontrar:

O OG: Endereços Legados (P2PKH)

Começando com “1”, estes são os endereços originais do Bitcoin desde 2009. Utilizam um sistema simples de hash de chave pública e são derivados via BIP44. Embora funcionem bem, têm desvantagens: maior volume de dados na transação e taxas mais elevadas. Podes pensar neles como o primeiro smartphone—funcionais, mas desatualizados.

A Ponte: SegWit Aninhado (P2SH)

Introduzidos em 2017, os endereços que começam com “3” foram criados como uma camada de compatibilidade. Suportam funcionalidades multisig e usam o caminho de derivação BIP49. O seu verdadeiro objetivo? Permitir que carteiras antigas façam a transição para a nova tecnologia sem problemas. É como ter um adaptador compatível com versões anteriores.

O Padrão Moderno: SegWit Nativo (Bech32)

Endereços que começam com “bc1” foram lançados através do BIP173 no final de 2017. Aqui é que as coisas ficaram interessantes. O SegWit Nativo separa as assinaturas das transações dos dados da transação—uma técnica chamada “Segregated Witness”.

A inovação: os dados das transações reduzem-se, as taxas diminuem, e a capacidade do bloco aumenta efetivamente para 4MB. É insensível a maiúsculas e minúsculas e usa codificação Base32 em vez de Base58, facilitando a digitação e leitura.

O Bitcoin Cash separou-se precisamente porque alguns nós rejeitaram esta atualização. Mas o SegWit venceu, e atualmente alimenta a maioria dos endereços ativos do Bitcoin.

O Mais Recente: Taproot (bc1p)

Lançado como uma atualização suave (soft fork) em novembro de 2021, o Taproot trouxe três melhorias revolucionárias:

Assinaturas Schnorr (BIP340): Múltiplas assinaturas numa única transação podem ser agregadas numa assinatura única. Aumento da privacidade? Ninguém consegue distinguir quais as entradas assinadas por quem. Aumento de velocidade? Mais transações cabem por bloco.

Otimização de Scripts (BIP341): Armazenamento de dados mais eficiente para transações.

Tapscript (BIP342): Uma linguagem de scripting flexível usando Árvores de Sintaxe Abstrata Merkleizadas. Revela apenas as condições do contrato que foram realmente executadas, escondendo o resto. Isto abriu a era das inscrições no Bitcoin.

Porque Isto Importa

A flexibilidade do Taproot permitiu o boom de inscrições em 2024. Projetos como Ordinals (ORDI) tornaram-se possíveis apenas porque o Taproot permitiu embutir dados arbitrários nas transações de formas inovadoras.

A lição? O Bitcoin não resolveu um problema em 2009 e achou que estava feito. Cada atualização—de SegWit a Taproot—abordou gargalos reais de escalabilidade, mantendo a compatibilidade com versões anteriores. É por isso que o Bitcoin sobreviveu às “guerras do tamanho dos blocos” que fragmentaram outras cadeias.